“O gestor precisa ter uma visão ampla da sua comunidade”, afirma Balestrin
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À frente do Conselho de Administração da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) desde 2012, Francisco Balestrin fechou o ano de 2017 com um novo desafio: comandar uma das mais importantes instituições de hospitais do mundo, a International Hospital Federation (IHF), entidade mundial que congrega mais de 50 mil hospitais. A posse aconteceu no dia 8 de novembro de 2017, em Taiwan, durante o 41º Congresso Mundial de Hospitais, evento promovido pela IHF.
Os seus próximos passos e avaliação do papel do gestor foram tema dessa entrevista exclusiva à Hospitalar.
Graduado em medicina, Balestrin é um dos fundadores da Anahp. O médico fez residência em Administração em Saúde no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). É especialista em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP, e em Administração Hospitalar pelo PROAHSA, da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em seu currículo, carrega ainda títulos como o de especialista em Administração em Saúde pela Associação Médica Brasileira (AMB), vice-presidente executivo e diretor médico corporativo do Grupo VITA e membro da Academia Brasileira de Administração Hospitalar (ABAH).
Nesta conversa, Balestrin falou sobre gestão e o papel do gestor, futuro dos hospitais, segurança da informação e o papel da IHF.
Hospitalar – Conte sobre seu novo desafio a frente da IHF.
Francisco Balestrin – A Federação tem como suas atribuições o incentivo à cooperação internacional na área de saúde e à melhoria permanente do atendimento aos pacientes em todo o mundo. A Federação congrega hospitais, associações hospitalares e organizações de saúde, além de contribuir com os hospitais na ampliação do nível de serviços com segurança e qualidade e oferecer suporte para a educação continuada de seus profissionais. Para o Brasil ter a presidência da IHF é uma honra, pois é um reconhecimento da força dos hospitais brasileiros e do nosso modelo de gestão.
Hospitalar – Como a IHF pode contribuir para o Brasil?
FB – A IHF desenvolve projetos importantes e pode nos render muitas sinergias. Estamos divulgando as orientações e inscrições de projetos brasileiros para o Congresso Mundial de Hospitais, uma chance de levarmos o que fazemos em nossas organizações para uma vitrine mundial.
A entidade tem também parceria com organizações como a Cruz Vermelha Internacional, a Organização Mundial de Saúde (OMS), Banco Mundial e a International Society for Quality in Health Care (ISQua), que pode nos ajudar no intercâmbio de boas práticas.
Hospitalar – O que um gestor de saúde precisa ter?
FB – Precisa ter uma visão ampla de sua comunidade e de seu entorno e ter consciência dos impactos e dos desafios da sociedade em que vivemos. Acredito na necessidade de aprofundar o conhecimento sobre a mudança do perfil epidemiológico dos brasileiros e adaptar as ações para esse novo perfil, que viverá mais e conviverá com doenças crônicas até o fim da vida.
Hospitalar – O futuro da saúde foi tema inclusive do último Conahp. Para você, como deve ser o hospital do futuro?
FB – São hospitais organizados em rede, que alcançam o paciente fora do ambiente hospitalar, principalmente em casa, no trabalho e no dia a dia, usando aplicativos. Também são especializados, nos quais os profissionais estão focados não somente nos pacientes, mas também no desenvolvimento de novas tecnologias e novos processos. E, por fim, são instituições que têm o que chamamos de estruturas abertas: acessíveis para a sociedade como um todo, para o desenvolvimento científico e educacional.
Hospitalar – Um novo modelo de hospital precisará de um gestor mais preparado. Como você enxerga isso?
FB – No 5º Conahp debatemos o papel de liderança dos hospitais nos sistemas de saúde do futuro. Liderar essas instituições não é e não será tarefa fácil. O gestor do presente e do futuro tem enorme responsabilidade na formação dos profissionais e dos talentos que lidera. Além disso, o executivo também é peça fundamental nessa evolução. Apresentamos no Conahp uma plataforma de autoavaliação de competências para executivos de saúde, trazida para o Brasil pela Anahp e pelo Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs).
Hospitalar – O futuro da saúde anda junto com o avanço da tecnologia, mas como as instituições podem garantir a segurança da informação do paciente?
FB – Grande parte das instituições hospitalares possui parceiros e terceirizados, que estão em serviços de diagnósticos, por exemplo. É fundamental que os contratos firmados contenham cláusula de confidencialidade, obrigando o parceiro e todos os envolvidos na prestação dos serviços a manter o sigilo das informações mesmo após o fim da relação contratual.
Hoje em dia há várias ferramentas importantes, como a Autenticação Individual de Usuários, em que todos os profissionais da instituição devem ter um identificador único (ou um log-on ID) para uso em todos os sistemas da instituição. A Anahp se preocupa e estimula o desenvolvimento de códigos de conduta entre seus associados.
Hospitalar – A Hospitalar e a Anahp fecharam uma parceria estratégica para 2018. Quais serão os benefícios disso para o mercado?
FB – Um rico conteúdo técnico produzido há anos pela Anahp estará à disposição de todos os parceiros da Hospitalar. Será muito significativo fazer com que nosso conteúdo, através do evento Hospital Summit, onde são abordados temas do dia a dia hospitalar, seja colocado à disposição dos gestores e líderes de saúde de todo o Brasil.
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